10 coisas que você precisa saber sobre amar alguém que sofre com ansiedade

Se você tem um amigo ou um amante ansioso, prepare o bloquinho de anotações e guarde essas dicas de como se relacionar com quem lida com esse monstrinho debaixo da alma. Antes de tudo, você precisa saber de uma coisa: cada pessoa é única com suas particularidades e trejeitos, portanto sentem à sua maneira. O que está escrito aqui é um passo a passo de como demonstrar o seu amor e afeto por alguém que tem uma dor e não sabe como compartilhar. Distúrbios como a ansiedade e a depressão merecem toda a seriedade e tratamento necessários, para quem está de fora, o que resta é distribuir carinho e compreensão.

Chega de abobrinha, vamos ao que interessa:

1. Pessoas com ansiedade/depressão são mais sensitivas do que às outras e portanto notam quando estão sendo gentis com elas apenas por simpatia, não por empatia.

Nós temos uma aura expansiva e sensível. O que facilita a má compressão partida de quem vive ao nosso redor. Como isso ocorre? Não tem segredo. É muito comum para nós ouvir um "uau, como você é chato/a! Não aceita sequer um elogiosinho, só estava tentando ajudar!", e aí é que está: se sua ajuda não vier do coração, guarde-a para quem se satisfaz com migalhas. "Que bicho te mordeu, criatura? Que cara feia!", imagine se você vir o emocional, amigo! Ia correr apavorado!


2. Não seja o amigo que pede para o outro ansioso se acalmar e tentar ficar feliz.

Não aguentamos mais ouvir aquele colega dizer que é tudo uma fase e estamos fazendo drama. "Ah, mas você nunca 'tá a fim de nada, hein? Só vive nessa cama! Levanta daí e reage!" Ei, amigo. Sua palavra machuca. Saiba que a gente faz o que pode, mas às vezes as coisas estão difíceis demais e a gente só quer dar mais uma cochilada. "Mas você dormiu o dia inteiro! Para de dar desculpa para não sair, vai fingir que está cansado/a de novo?" Ei, amigo. Saiba que é difícil se manter de pé quando as nossas pernas pesam mais do que o mundo inteiro e a cabeça quase explode com aquele tiquetaquear incessante.


3. É difícil ouvir de quem a gente ama que isso tudo é besteira nossa.

Saber que os nossos familiares e amigos não respeitam a nossa dor é o que mais machuca. Quando aquele amigo de anos chega dizendo: "Você não está doente! Só precisa se divertir um pouco e curtir os momentos. Larga esse travesseiro!", nós gostaríamos de abandonar o quarto e sacudir o esqueleto, mas, amigo, nossa alma tem pesado muito ultimamente. Esse namoro com o abismo emocional é mais difícil do que parece. Só precisamos de alguém que entenda o quanto essa escuridão é sedutora e largá-la vai doer feito o inferno.


4. Respeitar os momentos de crise é essencial, mas saiba fazê-lo do jeito certo.

A insegurança é uma planta viva dentro de quem sofre com essas doenças. Quando resolver se afastar do seu amigo ansioso, explique-se para evitar transtornos e crises. Você rega essa raiz sempre que some nos fazendo achar que somos um peso alto demais para se carregar. "Ei, estou te dando um espaço, certo? Chame se precisar de mim.", é assim que se faz, amigo! E não custa nada, viu? Obrigada por se importar com a minha dor!


5. Ao invés de criticar, ajude.

Lidar com as críticas é um aprendizado necessário e, acredite, nós, ansiosos, sabemos disso. O que se deve saber, é: nossa autocrítica já nos fere o suficiente. Se quer nos ajudar a lidar com essa dor, ajude de forma saudável. "Você está meio tristinho hoje, né? Ah, mas quem que não está? São tempos difíceis. Gosto do jeito forte que você lida com essa tristeza. Sei que não é fácil, acredito em você. Respeito o seu sentimento.", obrigada, amigo! Eu realmente estou dando o meu melhor dentro do meu tempo, dentro do meu limite. 


6. Quando o seu amigo estiver em crise, demonstre que se importa com aquilo que ele sente e vê-lo sofrer é um incômodo para você.

Viu seu amigo faltar aquela aula sem dar motivo? Como assim o seu amigo cancelou aquele "role" maneiro que todo mundo vinha combinando há semanas? Desde quando o seu amigo chora desesperadoramente na sua frente? Não finja que não o vê ser engolido por aquele sentimento de tormento. Ele não quer sair de casa? Vá até a casa dele como quem não quer nada e leve aquele doce favorito que o deixa de olhos acesos. Compartilhe uma música que ele gosta em sua linha do tempo no Facebook. Deixe uma mensagem de carinho às 1h00 da manhã em seu Whatsapp. Procure aquela foto que vocês tiraram na varanda do seu pai e nunca postaram, escreva uma legenda relembrando os momentos daquele dia diverto e o marque no Instagram. Sabe o seu filme favorito? Baixe-o num pendrive e o convide para uma tarde de cinema com pipoca e chocolate. Não precisa fazer muita coisa, não queremos um festão com carros alegóricos. Só seja você mesmo e mostre que quer agradá-lo. 


7. Pare de dizer que ele está errado e mostre que você se preocupa com a evolução pessoal dele.

Bater o pé e gritar com o seu amigo porque o viu cometer um pequeno deslize não é o melhor jeito de o ajudar a consertar os erros dele. Diferente disso, você vai magoá-lo e contribuir com aquela sensação de inutilidade e desprezo que nós já desenvolvemos psicologicamente sem grandes eventos. Explique o porquê aquilo é errado e o ajude a encontrar uma solução para reparar. "Sei lá, acho que você devia ser mais paciente com a sua irmã, não acho bacana o jeito que você descontou a raiva nela. Entendo como você se sente, mas quero que você entenda os outros também. Pedir perdão seria interessante, hum?", ei, amigo. Você está certo, eu preciso aprender a me desculpar pelas vezes que usei a minha exaustão para machucar alguém. 



8. Não fique chateado quando o seu amigo não souber como conversar com você sobre o que ele sente.

Não. Não é falta de confiança. É como a gente se sente naquele momento. Não force a barra, amigo. Não é a hora de desabafar ainda. Nós entendemos que você quer ajudar e isso já é o bastante, por ora. Algumas dores ainda são novas e, por isso, não estão maduras o suficiente para serem colhidas. É preciso tempo e sutileza. Você vai saber o que eu sinto quando for a hora de você saber. Nós só precisamos de um pouco de espaço para nos sentirmos à vontade com essa ferida.


9. Não deixe de lembrá-lo o quanto a sua presença é importante nos lugares.

Só porque algumas pessoas não precisam de tanta cortesia para fazerem presença onde são chamadas, não significa que será assim com todos. Não generalize a sensibilidade. Quando se é ansioso, nota-se tudo, desde o timbre de voz ao gesto automático que se faz com os olhos e sobrancelhas. Nós nos importamos se estamos ali por estar ou se a nossa presença é realmente especial. "Eu preciso de você aqui nesse dia. É importante que você vá, não vai ser a mesma coisa sem você.", fico feliz em saber que sou importante, amigo. Pode deixar, vou estar lá por você. 


10. Não espere o seu amigo pedir um abraço, surpreenda-o com um beijo de estalar no meio da testa.

Por mais que a gente quase nunca deixe transparecer, gostamos de nos sentir queridos e amados. Isso nos dá combustão para seguir em frente. Quando o seu amigo for grosso ou se distanciar, não devolva a estupidez, seja compreensivo, aproxime-se e dê aquele abraço quentinho com cheiro de saudade. Se ele estiver sensível e chorar, não ache estranho, só quem está na pele de um ansioso entende como é controlar todas as emoções e perder a direção sem querer.


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