Uma epifania me visitou esta madrugada, e quase deixei de existir — se acaso ainda existo.
No desejo de lançar-me aos braços de um sono profundo como um bebê que se entrega ao choro mudo, embalado em canções de ninar — mas apenas aquelas que não evocam monstros no escuro, um pai que foi pra roça e a mãe foi trabalhar.
Diga-me todas as belas palavras que tiveres às mãos, indiferente à veracidade, desde que me façam florescer jardim nas entranhas e borboletas no estômago. As palavras certas derretem minha alma e moldo minha carne ao que fizeres de mim.
Sagrada e divina, herege e mortal.
Oh, santifica-me outra vez. Não permita que eu caia novamente nas garras do diabo — que sou eu mesma. Toma meu sangue em cálice de prata, e diz que não sou, não sou, não sou o mal!
(por favor)
Antes que eu deixe de existir.
0 comentários