Fui tua carne, fui teu evangelho e teu pecado. A virtude existia apenas como adubo na terra do profano. Transgredi em amar um corpo que, oco, preencheu-se de qualquer migalha de vida que de mim transbordou. Um espantalho de pele e osso, prisioneiro no inferno de portas de vidros, espectador da vida acontecer.
Guardo este desvario imprudente como um sopro de vento poeirento. Uma risada remota em um lugarejo distante com nome de santa. Se um dia amou alguma coisa de nós, foi o próprio reflexo nos meus olhos.
O eco vazio da tua voz já não tem mais timbre nem som na minha memória. Escorreste em versos amargos para o meu café, forte e sem açúcar.
Não tem gosto de nada.
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