Sou prisioneira tua

Te escrevi um livro e te dediquei todas as canções. Para mim, a arte tem um nome de cinco letras: o teu. Entrego-te tudo: o pão e a carne, o corpo e a alma, o sangue e a vida.

Você bebe do meu cálice e embriaga-se do calor das minhas chamas: meu rubro sorriso, meus olhos castanhos, a maquiagem borrada e minha cega adoração a ti. Mas quando tua sede é saciada, ressaqueias e retornas apenas quando não há mais outra bebida em tua adega.

Um tormento que ainda me aprisiona depois de tantas reencarnações. Dois anos de silêncio não foram suficientes para sepultar as memórias que queimavam em nossa ausência, teu corpo clamando meu nome em todos os outros.

Traz de volta aquele crepúsculo, repete-me aquelas promessas absurdas. Fala-me outra vez de como as estrelas brilharam igualmente para nós dois e da impossibilidade de nos esquecer. Diga que uma vida sem mim é uma vida desvanecida.

Mas preferes continuar negando o que ainda és incapaz de evitar: a ânsia por me possuir.

Que lástima,
você insiste em me perder todas as vezes.

0 comentários