Não cabe mais você aqui. Sei disto e insisto espremer-me pelos cantos de mim para fazer espaço para você. Desmembro meu eu para acomodar mais de nós [que nós?].
Odeio-te tanto ao ponto de amá-lo.
Como consome a alma sentir tanto por alguém que se recusa a sentir qualquer coisa senão à carne. Alimenta-se do fanático fetiche de fazer-me sua sempre que não sou; uma compulsão irresistível em me possuir, queres a mim, mas não basto, queres a tudo.
Faz-me tão pequena e insuficiente, um pedaço de nada. Impossível de renunciar o que o mundo te oferece por um capricho sentimental.
Declara que ama, mas como isso é amor? Um amor que me fere porque não suporta a ideia de ficar longe de mim, mas que também não deseja estar tão perto.
Perto o suficiente para tocar pela noite e despedir-se pela manhã. Distante o bastante para evitar rosas vermelhas, dedos entrelaçados e o calor do edredom púrpura.
Por que você me ama tanto ao ponto de me odiar assim?
0 comentários