
Os dias escorrem efêmeros, como areia fina entre os dedos. Na sombra dançante do tiquetaquear do relógio, encontro um assombro que me persegue incessantemente. É um temor que se agita dentro de mim como uma tempestade que anseia por desabar.
É a consciência de que tudo que é belo e precioso se desvanece no horizonte da memória. É a certeza de que o tempo é um ladrão impiedoso que leva consigo o sopro passageiro de tudo que existe.
As estrelas cintilam no céu noturno, breves lampejos de luz na eternidade sombria, e me recordo de que até mesmo elas têm seu fim inevitável.
Assim como o vento que sussurra entre os ramos, a vida nos acaricia e nos escapa, deixando apenas vestígios de sua passagem.
Esse aforismo, por um lado, me preenche de uma angústia profunda, me cobre com o manto impiedoso da saudade.
Por outro, abraça o encanto crepuscular que envolve os suspiros da existência. É nessa brevidade que reside a urgência da vida, o combustível que acende em mim a chama da existência. Que eu possa, mesmo diante da transitoriedade, encontrar a beleza nas lágrimas silenciosas e a impermanência faça brotar em mim a força para deixar uma marca indelével no tecido do universo.
Aqui, a vida se revela em sua plenitude e fragilidade.
0 comentários