A dívida do que não foi dito


Daria tudo o que restou do teu santuário no meu peito, somente para não saber do que soube. Daria todas as cartas, o anel e até as memórias, para não macular o meu amor. A farsa é tão mais barata que a verdade, e agora está me custando com juros de vinte e cinco meses todos os descontos que recebi da cara realidade.

Ainda assim, pago cada tostão pelas vezes que acreditei nos enredos saborosos dos teus lábios rosados, enleada nas fantasias levianas que desenhávamos sob o veludo púrpura. Agora vê-se que eram apenas rabiscos sem forma.

Quanta insensatez permitimos caber em tão pequeno espaço. Sempre estreitamos tanto para nos encaixar no outro, que deformou-se o que quer que fôssemos nós. Liquefeitos em ausência e saudade.

2 comentários