Depois de embebedar-me da sua essência com doses inestimáveis, você impõe à minha alma a sobriedade fria e seca da ausência. Uma abstinência permanente que queima tua voz das minhas lembranças, até restar apenas ruídos do que eu inventei de ti.
Leandro e Leonardo, também não aprendi dizer adeus. Palavra de significado vazio, que ecoa nos meus ouvidos por tempo demais. Indo e vindo como verso sem estrofe, sem sentido, embora eu sinta tanto.
Sai sem marcas, sem saudade.
Eu sigo no passado, nas perguntas sem respostas, sem motivo, sem porquê.
O que há com quem não se despede? Não bate porta, não leva nada. Deixa tudo exatamente igual, a louça na pia, os sapatos na porta, a chave pendurada, a água fervendo do café, as roupas molhadas pingando no varal. Com passos silenciosos, pula a janela, deixa a gente trancado aqui, sozinho.
Esperando que volte, cheio de malas, para buscar o que deixou ou trazer a bagagem que viveu e ficar.
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