[foto retirada do Pinterest] |
Fui amaldiçoada com um coração doce e sensível e este fardo me faz sofrer em demasia. Não há um dia que se passe em que o meu corpo não se embriague nas contundências intensas da minha mente naufragante. Já ouvi dezenas de poetas que escreveram sobre sentir à flor da pele e serei a décima terceira.
Há uma diferença entre sentimento e sentimentalismo e nesse devaneio irei oscilar entre uma ponte e outra, porque não há quem não se perca neste labirinto que é falar sobre O Sentir. Para começar, direi que um coração como o meu jamais aprendeu a ouvir The Scientist sem chorar desesperadamente.
Um coração como o meu sempre encontra um jeito de enxergar ao menos uma estrela no céu, por maior que seja o manto de névoa noturno. Um coração como o meu esbarra em calçadas porque se distraiu demais olhando um ipê cor-de-rosa que acabara de florescer na rua. Um coração como o meu nunca soube dizer adeus sem afogar-se em seis noites torturantes de aperto no peito e calafrio.
Existem inúmeros deletérios sobre um coração amaldiçoado, embora haja o dobro de deleites. Um coração como o meu será calor por todo o inverno, dobrará seus lençóis e fará o melhor chá com mel que o seu paladar sentirá. Um coração como o meu não esquece uma canção de amor nos aniversários mensais, haverá luz de velas e um vinho fresco de padaria. Um coração como o meu sentirá saudade na segunda-feira, quando a rotina apertar e a presença for pouca.
Um coração como o meu será a luz a te guiar para casa quando perder-se no caminho. Mas, o que os livros de romance esquecem de contar sobre um coração como o meu, é que depois de ferido, pegamos o primeiro trem da meia-noite para tão longe que o seu tom de arrependimento não o alcançará. Corações amaldiçoados foram feitos para sangrar, portanto sabem cicatrizar e fugir. Dor e maldição colidirão e a partida será inevitável. E não, não há nada do que se possa fazer para nos trazer de volta quando já estivermos longe demais. Fui amaldiçoada com um coração que aprendeu a reagir horrivelmente bem à dor.
Eu tenho um coração amaldiçoado,
que não pertence mais a você.
EU TO TODA ARREPIADA
ResponderExcluire chorando (mas isso é segredo).
Eu fico impressionada de como nossa escrita é semelhante e de como eu me vejo nos teus textos e como eles me tocam. Eu to sem palavras para essa obra prima.
Temos corações amaldiçoados.
BEC!!!!!!!!!!!! Eu amo esse "nós" que é um encontro de estilística textual que temos em total sintonia. Nós temos corações amaldiçoados (e similares)
ExcluirÉ de arrepiar o que tu escreve, moça!
ResponderExcluirTem livro teu por aí?
Beijo
Menina! Saiba que este comentário sincero me afagou a vaidade, viu? Linda, tu! Brigada pela leitura, vem mais por aqui <3
ExcluirMas puta que me pariu! Que texto incrível. "Corações amaldiçoados foram feitos para sangrar, portanto sabem cicatrizar e fugir." Isso me lembrou muito A Rainha Vermelha, da Victoria Aveyard. Tua escrita me lembra os momentos reflexivos da Mare, as lições que ela tem que aprender e tudo o mais. Super recomendo essa saga! Cê vai adorar.
ResponderExcluirParabéns pelo texto,
Com carinho, Nina
www.entremcc.blogspot.com
Não conheço o livro ou a autora que você citou, Nina, mas fica de dica de leitura para essas férias de final de ano. Obrigada pela passada, espero vê-la mais vezes aqui. Beijo, meu bem! <3
ExcluirCorações amaldiçoados são um saco pra quem tem, mas um deleite pra quem consome as obras que ele é capaz de produzir (tipo esse seu texto ♥)
ResponderExcluirComentários que preenchem todos os espaços do coração <3
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