(Mais uma) ode ao romantismo

Entregue, sem meu pedido, rosas vermelhas às minhas mãos delicadas. Receba meu sorriso com outro maior e deixe que brilhe estes teus olhos castanhos, exuberantes de contentamento à minha companhia.

Finjo que não escuto tuas negações. Diga uma ou duas vezes, o quanto quiser, que não é de romantismos; ignoro tua petulância enquanto abres para mim a porta do carro, toca-me o espírito com gentileza e declama sua poesia em beijos sob a lua.

Há de convir, e sempre convéns, que não há, em outro céu ou neste mundo, intimidade como a nossa. Secreta e sagrada.

Te escrevi antes de saber ler, te floresci antes de vir à carne, te pertenci antes de ser minha.


(Fotografia: Lilya Kunitskaya)

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