Quis ser musa da sua obra, esqueci que a arte também tem fim

Se já não somos mais os mesmos, por que quando a luz reflete nesse ângulos seus eu ainda vejo os espectros soturnos do nosso passado? Detalhes tão pequenos de nós dois.

Escrevo-te cartas inéditas e dedico palavras comuns para você — palavras gastas que, juntas nesse conjunto íntimo de versos, trazem uma poesia virgem que cabe apenas no seu sorriso. Você toca-me canções, tal qual o fez centenas de vezes antes de mim e o fará centenas de vezes depois.

Somos tão semelhantes assim.

A teoria do seu retorno faminto e insaciável, esgota-se em sobriedade frente aos meus olhos. A banda recolhe os instrumentos devagar, a mesma melodia inquieta e desafinada já conhecida. Eu quero ficar e pedir que toque, uma, duas, cem mais vezes, que não tire de mim os seus dedos e o seu beijo.

Mas não sabemos falar; pedir; malmente sentir.
[e eu sinto muito]

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