Me morde, me rasga, me faz teu

Há um pedaço meu, clandestino, debaixo do teu travesseiro. Pedaço perdido nos teus devaneios, entre as idas e vindas do teu corpo na cama. Meu sussurro te convida a despir-se mais uma vez, coberto de prazer por meu ruído de desejo. A lascívia do meu toque dissipa tua incerteza junto aos botões da tua camisa quadriculada, na inauguração da nossa excêntrica quimera.

O balé que dança a ponta dos meus dedos na tua epiderme esboça os desenhos irreprimíveis das marcas do meu amor, galáxias secretas que você coleciona. Tuas roupas arriam no chão de madeira escura, os fios negros e lisos de cabelo grudados na testa suada.

"Me morde, me rasga, me faz teu", murmura sua pele. E eu te mordo, te rasgo e te faço meu.

Como um mar revolto batendo suas ondas no casco do navio, eu te guio pelos oceanos do meu corpo e deságuo no limite da tua boca.


— Rebeca Maynart e Ethan Lee

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