![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYVJBhQVaXS1EJDnzeO0jZymHv--f3CyL4ZdBUQBzhQ_7QMtIoNvh4n8BFtvE3XwUPzm0nOyXLC8r8HsikQ0f-UjAkFlFS8DqWSSNXbX5cHqApk7bTK0P8x9advd78HZqHt59vzT9ZqJnyYuLwYgQ3op7LETpAF1hjhxIESPErRjRU2cLCxEUxf8qR/s16000/o%20veneno%20da%20raiva%20caf%C3%A9%20de%20beira%20de%20estrada.jpg)
O veneno de cobra é rápido e, há alguns anos, poderia ser inevitavelmente fatal, mas com a medicina moderna, dificilmente alguém vai morrer por ter sido picado. A raiva, por outro lado, corrói devagar as entranhas e cresce como um verme subindo pela garganta, até cuspir as palavras mais perversas do dicionário em doses inescrupulosas. Ela faz de tudo que é belo, maligno e nefasto. Corrompe o sacro e, tudo o que brilha, enturva num perturbado crepúsculo de cólera.
A ressaca que se sucede é uma impiedosa carrasca para o que restou dessa calamidade. Arranca a pele à chicotadas e exibe ao espelho a medonha criatura sob aquela farsa. Recusada em todas as emergências, evitam contato visual como se a própria Medusa estivesse pedindo socorro.
Para este tipo de veneno, que não leva ao túmulo, mas perverte-lhe a alma, não há antídoto.
0 comentários