Você me vê? (mesmo)


Do outro lado do sofá eu te questiono: Você me vê?

Eu sei que alimenta-te da minha vontade — serve o meu café e segura a minha cintura na mais atrevida refeição. É claro que viu o melhor das minhas versões (são vinte e duas no total, e uma só no fim das contas, eu).

Mas de tanto que me chamas, "a mais bonita das donas", não deixo de me perguntar: Você me vê quando o sol bate nos meus olhos e revela todos os meu segredos de castanho escuros em universos sem ar? Quando eu toco sete rosas no jardim para sentir as histórias que elas têm para me contar dos romances que outrora fizeram parte? Até quando não há nada para cobrir esta pele eletrificada que guarda o meu peito ardente?

Devagar, no silêncio da câmera lenta, você me vê?

Porque do outro lado deste mistério que você olha e toca, meu eu, etéreo e sereno, derrama-se nas tuas palavras de amor.

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