A gente não tá acostumado a ficar só

— hoje, acordei às 6, já são 16 e a sensação de que acabei de acordar permanece. como se tivera o dia sido um borrão que aconteceu enquanto eu dormia, alheia ao meu corpo, submersa em outra realidade. —

o café da tarde parece agradável enquanto os dias passam em quatro paredes. a arte dos quadros e a poesia são afáveis, a janela apresenta ruas vazias e o lá fora é mistério. depois de maratonar quarenta e duas horas de netflix, o café já não é tão bom, a tinta começa a escorrer em cinza e os versos tomam fortes doses de bukowski.

o enclausuramento que incomoda não é o de casa, as chaves penduradas. é que agora não tem mais para onde fugir de si mesmo e, consternadamente, provoca-se com a ideia de que a pior companhia é a própria.

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