me deixa ir


o Jão cantou nós dois naquela música e você fingiu que não ouviu quando toquei ela pra você no violão. te contei em todos os nossos beijos que eu não sei não te amar e, mesmo sem saber o que fazer com isso, você continua aprisionando-me debaixo do seu lençol púrpura de veludo.

eu te dou espaço e você, um astronauta nato, encontra o caminho de volta para meu planeta selvagem, ainda que saiba que minha rebeldia é indômita, tal qual a tua liberdade.

você conhece todos os meus pecados, toda minha glória e todas as minhas cicatrizes. em todas as tuas dores eu estive no teu abraço também. dessarte, inexoravelmente, estamos entrelaçados pela lascívia pulsante e pelo amor inerente.

eu não sei mais sentir por você,
porque toda vez que te encontro,

eu me perco.

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