Eu odeio ir ao dentista. A este ponto da minha vida, jovem adulta, estagiária e estudante universitária, é esperado que receios como estes tenham ficado no ensino fundamental. Bem, não ficaram (nenhum deles, para ser sincera). E alguém mexendo na minha boca com agulhas e objetos cortantes, certamente não é meu sonho americano. Numa lista de pavores e pesadelos, acho que posso colocar no top 5:
5) Escuro
4) Dentistas e cirurgias (os dois juntos sobem para o top 3)
3) Bolsonaro eleito
2) Fantasmas/espíritos e derivados
1) Baleias e tubarões
Acontece que o destino é a roleta russa de Murphy e se você tem uma lista de coisas que não podem acontecer, o universo ri na sua cara e sussurra no seu ouvido: "ai, bobinho".
Portanto, é claro que eu tive que extrair meu siso (ainda faltam três). Siso, para quem não está familiarizado, é o apêndice da boca: sua existência consiste em ter função nenhuma e causar dor e sofrimento. O terror começa pelo fato de que consultório dentista tem cheiro de lágrimas nos olhos e gotas de suor frio – que escorrem pela minha espinha.
Sentada naquela cadeira que tem uma piazinha do lado (não se pode confiar em algo que tem uma pia do lado para você cuspir sangue), senti meu coração acelerado e, mesmo no calor de Salvador, eu tremia como se estivesse cinco graus abaixo de zero. Mainha segurou minha mão e, preciso dizer, eu nunca vou entender essa coisa das pessoas te darem as mãos quando você vai passar por algo muito doloroso, não é como se fôssemos dividir o suplício, todavia, admito que é um alívio poder apertar alguma coisa até doerem os dedos.
É claro que eu chorei como uma criança depois de cair da bicicleta e ralar até a alma no asfalto. A diferença é que... bom, a diferença é óbvia. A única parte não tão ruim disso tudo é que, no final, sempre ganho sorvete. Mas não estou certa de que essa troca compensa.
Ponto positivo: da próxima vez que eu abrir o freezer em busca do feijão para o almoço: "oops, é sorvete!"
Sentada naquela cadeira que tem uma piazinha do lado (não se pode confiar em algo que tem uma pia do lado para você cuspir sangue), senti meu coração acelerado e, mesmo no calor de Salvador, eu tremia como se estivesse cinco graus abaixo de zero. Mainha segurou minha mão e, preciso dizer, eu nunca vou entender essa coisa das pessoas te darem as mãos quando você vai passar por algo muito doloroso, não é como se fôssemos dividir o suplício, todavia, admito que é um alívio poder apertar alguma coisa até doerem os dedos.
É claro que eu chorei como uma criança depois de cair da bicicleta e ralar até a alma no asfalto. A diferença é que... bom, a diferença é óbvia. A única parte não tão ruim disso tudo é que, no final, sempre ganho sorvete. Mas não estou certa de que essa troca compensa.
Ponto positivo: da próxima vez que eu abrir o freezer em busca do feijão para o almoço: "oops, é sorvete!"
Esse texto faz parte da série de crônicas autobiografia autorizada.
Essa troca não compensa não...
ResponderExcluirTem sorteio novo la no blog, te convido a participar! http://www.cobaiaamiga.com/2018/03/resumo-da-semana-sorteio-makes.html
HAHAHAHAHAH amei esse texto, tô rindo mas com respeito, viu. Eu nunca tive esse pavor de dentista (acho que porque nunca precisei fazer nada mais sério que envolvesse agulhas e tal, nem meu siso incomodou ainda) mas compartilho do teu medo número 3, já pensou? Daria uma bela de uma história de terror, credo. Ah, antes de ir: que cabelo mais lindo o seu, Rebeca <3
ResponderExcluirUm beijão,
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