O céu é infinito, tipo você


— O céu é muito infinito — comentou admirado.
— Tipo você.
— Você me acha infinito?
— Ué.
— Ué o quê, Mariana?
— Não me chama de Mariana.
— É teu nome. — Ele riu. — Você que me chamou de infinito.
— Mas isso é bom.
— Eu sei, fico sem jeito.
— E eu sou o que?
— Como assim "o que"? — Virou-se para ela pela primeira vez desde que deitaram-se sobre o teto do trem para admirar o infinito.
— Nada não. — Absteu-se, desapontada, mas não surpresa.
— Você é Mariana.
— Não perguntei meu nome, Caio. Deixa pra lá.
— Você que não entendeu. Você é mariana. Do tipo, mariana adjetivo que é só seu.
— Tá poético hoje. — Desviou o rosto escondendo um sorriso.
— Me contaminou com sua poesia, é contagioso eu acho. — Caio reclamou, fazendo careta.
— Cuidado, quando menos esperar estará por aí cuspindo metáforas e escrevendo cartas de amor.
— Não viaja.
— Já pensou você apaixonado pelas ruas, fazendo serenatas e entregando buquês de rosas?
— Você está indo longe demais, garota. Buquês são a coisa mais brega que eu já vi.
— Você acha?
— São flores mortas.
— Que pensamento mais mórbido!
— Você me conhece.
— Conheço...
— Mas eu te escreveria uma canção.
— Tem que ir cantar debaixo da minha janela.
— Sem carta de amor.
— ... Será uma conquista difícil, mas sua voz é um dom que vale o esforço.
— Você não resiste ao meu charme, Mariana.
— Não me chama de Mariana!
— Mas é seu nome!
— Mas eu não resisto! — Franziu o cenho em reprovação, como se o que ele fez tivesse sido um golpe baixo terrível.
— Ei, eu tava falando sério.
Eu também.

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