Lost

Me concentrar em qualquer coisa se tornou uma tarefa árdua, manter o foco é fatigante. Minha mente se apega especialmente aos detalhes negativos, que por acaso estão por toda parte, distorcendo minha visão de mundo para manchas obscuras e feridas profundas na pele. As unhas cravadas, arrastando-se pelo tecido celular é a única coisa que tem me feito sentir viva, em meio a minha vagarosa morte interior.

As pessoas esperam tanto o pior de mim que acabei me tornando exatamente isso, o pior de mim. Por toda parte, nada está correto. Nada. Tudo está fora de ordem, a cabeça, o coração, os princípios, sentimentos; me tornei qualquer coisa, menos eu. O cenário preto e branco fica cada vez mais turvo, as lágrimas já inexistentes teimam em cair invisivelmente, me inundando e afogando por dentro. Os dias se arrastam como se não houvessem mais outros por vir, o relógio passa cruelmente devagar, mas num piscar de olhos já se passaram semanas, meses, três décadas, quem sabe?

A angústia oscila pela raiva e desolamento, me deixando cada vez mais instável, perturbada. Mas não precisa ter medo de mim. Sou apenas um eterno erro tentando acertar. Embora em muitos momentos eu queira desistir dos acertos, no fundo, eu só anseio por provar que estão todos errados, contrariar aquilo que esperam que eu seja, um fracasso. Mostrar que ninguém pode trilhar os caminhos da minha vida senão eu.