estranha criatura


eu me corroo
desmancho-me em fatias pequenas
de imensos vazios e desistências.

eu me faço
de personagem emocionante e inesquecível
para esconder o fragmento falso e desprezível.

eu rasgo o reflexo
e o espelho ri na minha cara
o quão ridículo ela não enxergar a própria alma?

eu adormeço,
por três dias seguidos desapareço,
nos devaneios de realidades alternativas, perdida.

eu choro no chuveiro,
dói o ser inteiro,
e eu imploro de joelhos para isso passar.

eu sei que não tem cura
pra quem nasce assim pesado,
estranha criatura que sente demais.

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