Martha e a Liberdade de ler devagar

Há três dias venho tentando terminar o livro Liberdade Crônica de de Martha Medeiros, devorando seus textos como se não houvesse amanhã e ainda estou na metade. Quiçá, porque estou desabituada do hábito da leitura, quiçá porque suas crônicas não foram feitas para serem devoradas. Como Black Mirror e 13 Reasons Why, as cutucadas da Martha merecem ponderação. 

Seja nas suas íntimas análises de Woody Allen ou seu misturado gosto musical, também as abordagens de amor, sexo e relações de todos os tipos, Martha nos escreve. Ela é crua e intrínseca, feminista e livre, audaciosa e, no entanto, cautelosa com as palavras. Suas crônicas inspiram e também instigam, num nível que poucos conseguem. As famosas palavras que despem a alma.

Seus mergulhos em filmes monótonos e diálogos intensos nos arrastam para suas páginas vagarosamente, o real a fascina e ela não cansa de dizer. Engraçado, cativar-se pelo que não é fantasia, pela autenticidade da existência e todas suas controvérsias. E eu, maravilhada pelo particular e essencial, eventualmente deslumbrada pelas superfícies, aprendo a apreciar o simples.

Descobri, afinal, que liberdade não se conquista em apenas três dias.

Esse texto faz parte da série de crônicas autobiografia autorizada.

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