No mais profundo de mim

Acho que estava enganada quanto a ter inspiração quando estou assolada pela melancolia de uma crise de ansiedade, visto que esse final de semana a única coisa que me dava vontade de fazer era permanecer deitada o dia inteiro (ou comer). Escrever talvez seja uma das minhas terapias para expurgar tantos sentimentos presos na minha garganta que me impedem de respirar; cortar meu próprio cabelo também é uma alternativa, embora mais arriscada, eu tenho um pequeno vício em fazer isso; claro que fica ruim, mas no fim das contas eu não me importo muito. Na verdade, o que está me preocupando é minha vontade incontrolável de escutar Sam Smith o tempo todo (inclusive nesse momento), isso não deve ser um bom sinal, não é?

Claro que não.

Tenho dezenas de coisas que gritam na minha cabeça que tenho que fazê-las enquanto eu as adio incansavelmente, como se eu tivesse tempo infinito, como se a vida pudesse pausar apenas para eu deitar e refletir com a cabeça no travesseiro o dia inteiro, sem ele passar. Mas ele parece fugir de mim, como uma criança teimosa, o tempo não para de correr, mesmo eu implorando para que ele vá devagar.

Está difícil acreditar em algo, apegar-me a vida, encontrar paz. Eu olho ao meu redor e tudo parece morto, vazio; eu estou me esvaindo de mim e ninguém parece ter notado. As lágrimas molham meus olhos, mas nunca escorrem. As paisagens giram, mas eu não me sinto tonta. Meu corpo queima, mas não estou com febre.

Lá fora está ensolarado, mas eu só sinto a tempestade dentro de mim.

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