Nunca mais me diz adeus


Arte de Sergey Galanter

No banco da frente do carro derrama-se o manto da nossa utopia, um universo que existe apenas entre o meu olhar e o seu.

O ar se preenche com esse seu perfume de cardamomo, infiltra minha alma e apodera meus sentidos. Respirar é uma necessidade menos crucial que a urgência que tenho de você, e quando inspiro esse eflúvio celeste que emana de ti, o tempo não existe.

Quero morar aqui, no agora onde só existe eu, você e o mundo de figurante da nossa narrativa.

Ouve outra vez os sussurros viscerais da tua alma e derrama os segredos daquela madrugada nos meus ouvidos novamente. Fala de saudade enquanto beija meu corpo e recoloca esses planetas em órbita; chove e alaga minhas águas inebriantes; floresce a rosa congelada na minha costela, sob minha pele. Faz-me sua.

Não uma nem duas vezes. Faz-me sua por duas eternidades.


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