a abstinência de você não me cai bem


o que mais caberia nos meus versos senão o peso de uma ausência tão presente que nunca esvazia o seu lado da cama? a corrente de frio viaja pelo meu dorso, desce pela espinha e desnuda minhas costas de todos os cobertores da saudade. e não esquenta, nem se vai. a abstinência de você não me cai bem.

se a poesia te fosse uma estima, corresponderia-me também cartas sobre todos os nossos defeitos mais insensatos? aquilo que nos fazia mais bonitos eram as provocações das nossas impetuosidades mais incompatíveis. a calidez e veemência desse amor deu-se da consequência de uma teimosia mútua em ficar.

eu continuo teimando e você aprendeu aquiescer aos sinais que dá o universo. agora o espaço que era teu aqui está ocupado com a falta que me faz nas noites frias de sábado desse outono.

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