Recife e suas peripécias

Essa crônica era (supostamente) para ter sido escrita alguns meses atrás, no entanto, o ser humano alimenta-se de falsas expectativas e procrastinação é meu nome do meio. Juro que estou lutando na justiça para mudar, mas você sabe como são as burocracias.


No começo de janeiro estive em Recife com a queridíssima (também conhecida como "mainha") e mais duas amigas da família. Em primeiro lugar, deixo registrado que, graças a uma inspiração divina, minha mãe resolveu mudar de roteiro e, ao invés de Aracaju, revisitamos a capital pernambucana. De fato, meu white people problem do ano é quando minha mãe decide que nossa viagem de família vai ser para Aracaju pela vigésima vez. Don't judge me, darling.


Acredito que essa foi a viagem que mais rendeu-me histórias que merecem ser contadas em rede nacional, todavia, como eu ainda não tenho meu programa de TV, reservo-me a contar-lhes por extenso no meu humilde cafezito. Para começar, a cidade é mesmo uma coisa linda e, de longe, o que mais me impressionou foi descobrir que as pessoas realmente tomam banho nas praias recifenses, mesmo com centenas de placas avisando que há ataques de tubarões. Turistas aventurando-se em mais um filme da franquia Sharknado.

Nas poucas vezes que viajei de avião, nenhuma delas tinha uma mini telinha na poltrona da frente para passar o tempo durante a viagem (que é incrivelmente rápida, por sinal), até este dia. Assisti alguns episódios de Friends pela 85435ª vez e minha mãe, muito madura, colocou em dia sua série favorita, de grande teor filosófico e social, o tipo de série que faz você refletir por dias, essa mesmo, Turma da Mônica. 

Geralmente hospedadas em hotéis simples em super promoções de sites de reservas, minha mãe e sua amiga, desta vez, encontraram uma coisa linda de se ver. Olha, TINHA ATÉ CARRINHO DE BAGAGEM! Daqueles que tem nos hotéis de Beverly Hills e filmes como As Branquelas. Sinceramente, eu fiquei muito impressionada e falei para a queridíssima que agora eu só saio de casa com este pré-requisito: sem carrinho, sem viagem. (just kidding)

Visitamos Olinda e Porto de Galinhas e seus deslumbrantes pontos turísticos. Outra coisa a ser pontuada é que todas as lembrancinhas do Nordeste são iguais e eles mudam apenas o nome da cidade, EU JURO! E mesmo assim, nós compramos os mesmos chaveiros em toda cidade que a gente vai. Tudo bem, não são todas (as lembrancinhas), tem coisas que são emblemáticas de cada terra. Como por exemplo, a coisa mais comum do mundo em Recife e suas proximidades são pessoas esculpindo coisas em PALITOS DE DENTE, FÓSFORO e tudo o que for pequeno o bastante para você quase não enxergar. Eu não consigo nem cortar a unha sem arrancar um pedaço do dedo, imagine. Fascinada.

É claro que, rolezeiras como somos, não poderíamos deixar de conhecer o grandioso Shopping RioMar. Primeiro lugar: QUE SHOPPING CHIQUE (E LINDO) DA PEGA! Tem um piso só para grifes, você tem noção do que é isso? Senti que estava pagando só para perambular por ali. Não satisfeitas, fomos também ao Shopping Recife e, desculpe dizer, mas eu odeio este shopping. Ele é maior que qualquer lugar que eu já fui e me senti no Maze Runner, porque aquilo parece um labirinto! Em algum momento da noite, separei-me do grupo para ficar em uma loja de maquiagem (nada novo sob o sol) e elas foram à praça de alimentação tomar o café do McDonald's. Fiz minhas comprinhas e pensei "opa, hora de encontrar meus xuxuzinhos", a vida visualizou e respondeu "kkkkkkkk, boa sorte com isso".


Guiando-me pelas placas, andei uns cinco minutos até a praça de alimentação, analisei ao meu redor e percebi que, num equívoco, um deslize, fui parar na praça errada; ri comigo mesma, no frescor da inocência, e segui minha jornada em busca do tesouro perdido (a.k.a. mamadi). Encontrei uma segurança que reluzia como alguém pronta a salvar minha vida e perguntei, com muita paz no coração, onde ficava a praça de alimentação que tinha o McDonald's (bobinha, por que não tinha pensado nisso antes?). Ela me instruiu a ir para O OUTRO LADO DO SHOPPING que ficava a mais ou menos 427km de onde eu estava e fui, desbravando as américas e quase arrancando os saltos dos pés. Cheguei, enfim, ao Mc! Mas, como podes perceber, a sorte me odeia e eu estava, outra vez, no lugar incorreto. Algo de errado não estava certo.

Vale mencionar que esqueci também uma sacola de compras em outra loja, no meio desta brincadeira, e tive que rodar o shopping inteiro novamente atrás dela (graças a uma doce vendedora, encontrei). Quase desistindo, deitando no chão em posição fetal e chorando, perguntei a outra funcionária onde ficava a porcaria do McCoffee (não com essas palavras, of course) e, como uma estrela guia que guiou o povo no deserto há dois mil anos, entregou-me o mapa da felicidade e eu finalmente cheguei ao fim do arco-íris. Que tipo de shopping tem QUATRO, não duas, nem três, mas QUATRO praças de alimentação? Exatamente.


Para fechar nossa noite com chave de ouro, nosso Uber era um paraibano que odiava Recife. Ele perguntou se éramos turistas e agradeceu aos céus, porque assim poderia falar mal da cidade durante todo o trajeto. Parecia um stand-up comedy no começo, no entanto, em algum momento, minha mãe ficou tão irritada que eu só torcia que ele, por favor, calasse a boca, pelo seu próprio bem. "Se não gosta tanto daqui assim, porque continua aqui?", foi uma de suas perguntas. Sim, foi Tramontina o corte.

Também visitamos o museu/Instituto Ricardo Brennand e eu fiquei muito apaixonada. Teve até uma peça de bonecos muito incrível que nos deixou encantadas e permito compartilhar que os memes que as esculturas me geraram foram sensacionais!


Minhas considerações finais? É uma cidade danada de bonita, com torres tão altas que tive que desdobrar minha coluna e pescoço para observar seu final (senti-me em Dubai), pessoas divertidas e de sorrisos contagiantes. Paisagens lindas e OS BONECOS DE OLINDA SÃO MARAVILHOSOS DE PERTO. Sobre o trânsito? Se você quiser atravessar uma rua, só te dou um conselho: SEGURA NA MÃO DE DEUS E VAI. Neste quesito, Maceió tem meu coração. Ainda bem que sou treinada nos 100 metros rasos das ruas de Salvador. Por fim: cara, como eu amo meu nordeste!



Esse texto faz parte da série de crônicas autobiografia autorizada.

3 comentários

  1. Oii Beca, bem legal você compartilhar da sua viagem. Eu vi alguns stories seus na época que a viagem aconteceu. E também estou vendo que você está resolvendo o seu crush em procrastinar HAHA. Eu visitei Recife uma vez e eu AMEI Porto de Galinhas. Meu deus do céu que aquele lugar é um paraíso. Ahh também curti a comida ta?! Miga Bolo de rolo é bom demais ne? HAHAHA Beeeijo

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    1. AAA meus stories kkkk
      Obrigada xuxu <3
      E lá é mesmo a coisa mais linda e comida nordestina é uma delícia né?

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