Alguns dormem na madrugada, já eu, ouso a dizer que a mesma fora feita para divagar e sentir o infinito. Brincadeira, eu durmo, às vezes. De qualquer forma o pensamento da vez me remeteu sobre como vivemos da aprovação alheia para tudo na nossa vida. Não bastassem as notas na escola (que claro, você precisa de boas médias para ser aprovado), as classes sociais, as ditaduras da beleza ou como queira chamar, há uma certa escravidão virtual. Claro que ninguém é amarrado aqui levando chicotadas. Na verdade, é bem o oposto. Há uma necessidade intrínseca de ser aceito, amado, adorado, reconhecido nesse meio que às vezes é só um canto.
Fotos são postadas e exigem curtidas que são saboreadas como uma fantástica vitória pelos donos dos perfis frívolos. Se libertar dessa escravidão está além das possibilidades de alguma Princesa Isabel por aí, é uma dependência. Uma dependência de aprovação irreal. Você compra o melhor celular que seu dinheiro pode pagar mesmo quando o anterior ainda funciona perfeitamente, apenas porque algo te faz acreditar que precisa dele, que só assim será plenamente feliz e, quem sabe, aceito socialmente.
Talvez seja delírios da minha mente perdida na insônia, mas eu duvido noventa e nove porcento disso. Veja bem, eu quis desistir do blog, não no começo quando o fazia apenas porque gostava disso, sem me importar muito com qualquer outra coisa. Mas a partir do momento que eu decidi levar a sério, que eu desejei ter um público que realmente gostasse do que eu escrevia, isso me dominou. Eu precisava da aprovação de pessoas que eu ao menos conheço, mas que elas me conheceriam a partir do que escrevo. Então, quando isso não aconteceu imediatamente, fiquei arrasada. Mas calma, já passou.
Horas editando a foto perfeita, checando a cada hora quantas curtidas consegui com ela. Isso é insano, você não acha? E mesmo sabendo disso, é ainda difícil desfazer-se de tais hábitos. Não importa o que estamos fazendo, sempre há algo dentro de nós que espera a aprovação de ao menos uma pessoa, seja um desconhecido ou um alguém específico. Amor próprio ajuda, mas a linha é tênue entre ele e seu desejo de que sua auto-confiança seja reconhecida. Embora uma vida virtual possa parecer fascinante no momento, descuidar da sua realidade é destruir-se vagarosamente.
Eu devia parar com teorias da pseudo-conspiração-psicológica (sim, eu acabei de inventar esse termo), mas é inevitável. Há um pouco de verdade e razão no que escrevi, não há? Vamos lá, só você pode se libertar das suas próprias amarras. Sair da sua zona de conforto, dos elogios adoráveis nos comentários virtuais e quem sabe, elogiar alguém olho no olho. Curtir uma praia sem eletrônicos ou só assistir ao pôr-do-sol com aquele cabelo que todo mundo acha estranho, mas você ama ao olhar no espelho. Eu não sei, eu só queria que soubesse, meu bem, você não precisa da aprovação de ninguém para ser feliz.
Apenas permita-se ser.
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