Carta do leitor: A aventura de morar fora e a saudade de casa

Imagine um sonho para sua vida e torne-o realidade.

Parece um clichê não é mesmo?

Mas, é exatamente isso que acontece com quem não aguenta mais levar a mesmice dos cotidianos transformada em um verdadeiro massacre pessoal.

Os dias ensolarados e perfeitos perdem suas cores, passam desapercebidos numa eterna busca sabe-se lá do que: sem sentido algum.

Então, eis que  um dia perguntamos para nós mesmos: “Porque não?”; “O que poderia dar errado?” 

Assim que juntamos uma grana, conversamos com todos que confiamos, pesquisamos muito, planejamos tudo e certos de que foi a melhor escolha que fizemos, finalmente os sonhos deixam de ser sonhos. Um novo mundo abre-se diante de nós. Vamos embora, partimos... Deixando para trás tudo e todos. 

Parece o certo!

Tão simples, tão leve... 

E esquecemos de que quem fica, - sempre fica com tudo que já conhecemos mas quem vai embora, só leva o que cabe nas malas e principalmente no coração.

Assim começa a vida de quase todos que pensam em viver longe do seu país, da sua referência como pessoa no mundo.

Estamos falando sobre acreditar em algo maior.

Trata-se literalmente de "jogar-se" em um infinito de possibilidades no mais completo escuro: sim escuro! 

Porque na real, ninguém sabe de verdade o que vai acontecer.

O que sim, temos certo são os nossos desejos sobre a nova e planejada vida, nada mais.

Criamos novos hábitos, conhecemos novas pessoas e lugares - nos fartamos de cultura.

Essa busca, esse desejo imenso de encontrarmos o nosso lugar no mundo nos torna diferentes no meio desse vai e vem de gente que nunca vimos antes - que não sabem absolutamente "NADA" sobre nós! 

Assustador e incrível...

Podemos ser quem quisermos ser: vestir, comer, comportar-se, jogar, se jogar, amar... Mil possibilidades!

Quando tudo toma assento e percebemos que conquistamos o que queríamos, ou estamos nesse processo, aparecem as faltas -  e são tantas...

De coisas simples como o gosto do café, o cheiro daquela comida típica, dos velhos e bons amigos de sempre, da maneira que amávamos, que acreditávamos, que sorríamos , que nos divertíamos - das coisas bregas, sem senso e comuns.

É quando damos conta que a distância entre dois oceanos não é nada diante dessa “lacuna” que carregamos dentro de nós.

Porque é nesse exato momento que tomamos a consciência de que sempre que decidirmos por uma coisa, perderemos outra. Entendemos que isso é uma lei da vida e que podemos conviver bem, ( verdade uns dias melhores que outros) mas, isso não tem a ver com o lugar que estamos, tem a ver com o que sentimos e normalmente, não podemos controlar todos os nossos sentimentos.

É como se em cada lugar faltasse algo ou alguém.

É como se a comida faltasse tempero.

É algo louco. Difícil de explicar...

É como o mix diário entre dois sentimentos: o de ir e o de ficar. 

Acabamos pertencendo à dois mundos e tomamos cuidado para não habitarmos o passado, pois não é lá que está o nosso futuro.

Porém, incontáveis vezes estaremos perdidos em lembranças e desejos [inalcançados].

Se existe em você  alguma intenção de "mudar de/a vida", é aconselhável ler esse texto mais de uma vez para não esquecer de nenhuma palavra e entender que o fácil e o certo não existem e o errado também não.


Por: Marcela Kister Rezende.

3 comentários

  1. Obrigada por essa incrível oportunidade!!!
    Vida longa a esse canal maravilhoso de comunicação que deixa nossos dias mais aquecidos e cheios de esperanças.
    Um beijo grande para todos 😘 espero que gostem!

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  2. É como se em cada lugar faltasse algo ou alguém.

    É como se a comida faltasse tempero.

    É algo louco. Difícil de explicar...



    Pra mim foi como pertencer a dois lugares e a lugar nenhum. É como ser o doguinho pé duro de rua que aprendeu na (boa) malandragem a se virar. É ser esperto e saber que ainda há o que aprender. É estar adaptado e ainda assim se sentir um estranho no ninho. É tudo que você descreveu e um pouco mais. Em que país você está morando agora? Tenho um amigo que tá na França há mais de 2 anos e decidiu voltar para o Brasil porque ele não aguenta mais ficar longe dos amigos e família. Um texto sensacional, lúcido, sem pipipi popopó! Parabéns

    Gisley Scott

    www.vivendolaforanoseua.blogspot.com

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