Carta número 2


Não é poesia quando conto que estou morrendo. Por que vocês fingem não perceber? Acredito que é mais fácil fechar os olhos para aquilo que está a ponta do seu nariz. As músicas que escuto são sombrias, os textos que escrevo são cada vez mais tétricos e minha pele adquire uma tonalidade cada dia mais pálida.

Eu digo a todos vocês com todas as letras. Eu escrevo em todas as folhas. Eu grito em meu silêncio e todos tapam os cínicos ouvidos. Estou enclausurada na prisão da minha mente. Estou aprisionada numa pele que desconheço e sufoca-me.

Disse centenas de vezes: estou perdendo a cabeça. Não é metáfora. É um fardo. Estou exaurida, extasiada, piloto automático. Mórbida. Assisto o tempo passar e nada posso fazer a respeito, pois ele assola-me e nocauteia-me como um lutador treinado.

Sinto muito pelas expectativas não atendidas. Pelas decepções no caminho. Eu nunca soube pedir ajuda e ninguém nunca pareceu notar meus sinais disfarçados, então perdoe também a falta de forças para lutar. Eu tenho uma mente adoecida, cicatrizes escondidas, falsas realidades e nenhuma perspectiva. E é por isso que eu não planejo o futuro: eu não realmente acredito que ele estará lá.

2 comentários

  1. Tua profundidade com as palavras é incrível, Beca. Esses dias fui reler alguns textos que tenho e lembro que em uma época amava escrever esses textos mais melancólicos, acho que ficam tão fortes, sabe? Não sei outra palavra pra descrever, mas é aquele texto que tu lê e te dá um baque de tanto sentimento.

    Beijos <3

    Letras na Gaveta

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada, Mari <3
      sentimentalismo é meu nome do meio hashuahs

      Excluir