Chovia lá fora e dentro de mim


Foi covardia ter sentindo o seu gosto pela última vez sabendo que aquilo seria um adeus. E não há uma parte do meu corpo que não tenha sido invadido pela onda violenta de mágoa e angústia que eu senti ao beijá-lo dando adeus. Eu gostaria de tocar o universo com as minhas garras de tigre e fazê-lo sangrar por tirar você assim de mim.

Por tirar você de mim quando eu já havia me acostumado com o seu humor fora de hora e o seu jeito irritante de não me olhar nos olhos quando eu mais queria ter a sua alma conectada à minha. Eu vou ouvir músicas tristes por quatro semanas e jurar ao céu que não o perdoarei por ter deixado você ir, sabendo que assim levaria um pedaço meu. 

Esse pedaço me faz falta e o vazio que ele deixou dói com a força de um trovão ao se chocar contra o chão. Você tocou o meu coração e deixou as digitais desse contato onde agora o sangue vaza vagarosamente. Eu fecho os meus olhos e vejo aqueles momentos ao seu lado se passarem numa rapidez martirizante. O meu espírito sofre sem você. Eu afundo sem vê-lo e agora os meus sonhos estão distantes e me fazem acordar aos prantos às tantas da madrugada.

Você continua sendo quem me fez flutuar quando o chão era firme e os meus pés tocavam a cerâmica fria. Eu sinto tanto e não poder sentir me faz perder a razão. Você me disse adeus e partiu com algo que me pertencia e agora eu sou a metade de alguém que nunca foi o suficiente para aprender a fazê-lo ficar. Era um dia frio: chovia lá fora e dentro de mim.

4 comentários

  1. Texto maravilhoso. Um tapa na cara também né, me identificando com cada pedacinho.
    "Você continua sendo quem me fez flutuar quando o chão era firme e os meus pés tocavam a cerâmica fria."
    <3 triste e encantador.

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  2. Oii Kennia, seja bem vinda ao blog. E vou dizer que o seu estilo de escrita caiu muito bem por aqui. Beijos

    http://www.verdadeescrita.com/eu-sou-minha-2/

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